Marco Martins nasceu em Lisboa em 1972. A sua extensa obra atravessa diversas áreas, do cinema às artes plásticas, passando pelo teatro. Com formação na Escola Superior de Teatro e Cinema, na Tisch School of the Arts e na HFF – Universidade de Televisão e Cinema de Munique, os seus filmes têm sido apresentados nos principais festivais internacionais. A longa-metragem Alice ganhou o prémio de Melhor Filme na Quinzena de Realizadores de Cannes em 2005. Em 2006, Marco Martins realizou a curta-metragem Um Ano Mais Longo, em co-autoria com Tonino Guerra, seleccionada para o Festival Internacional de Cinema de Veneza. A sua longa São Jorge (2016), esteve também a concurso no Festival de Cinema de Veneza, tendo o actor Nuno Lopes sido galardoado com o Prémio Orizzonti. Tal como Alice, São Jorge foi candidato à nomeação dos Óscares para Melhor Filme Estrangeiro, assim como para os Prémios Goya.
No Teatro, Marco Martins fundou o Arena Ensemble em 2007, juntamente com Beatriz Batarda, sendo desde então seu director artístico.
As criações de Marco Martins para teatro neste e noutros contextos incluem trabalhos clássicos e projetos comunitários, entre eles Baralha, peça baseada em textos de Shakespeare e desenvolvida dentro e com uma comunidade cigana; Estaleiros, a partir de textos de Samuel Beckett, trazendo para o palco trabalhadores dos estaleiros de Viana do Castelo; Todo o Mundo É um Palco, reunindo um elenco de vinte intérpretes, profissionais e não-profissionais, de onze nacionalidades diferentes; Provisional Figures Great Yarmouth, com estreia no Norfolk & Norwich Festival; Selvagem, com caretos transmontanos e sardos, galardoado com o Globo de Ouro para melhor peça de teatro em 2022; Pêndulo, com um grupo de mulheres imigrantes, cuidadoras e empregadas domésticas e mais recentemente Blooming, com um grupo de adolescentes acolhidos institucionalmente.
O lançamento do filme Alice trouxe-lhe grande notoriedade, sendo seleccionado para o Festival de Cinema de Cannes e vencendo numerosos prémios, tais como: Prix Regard Jeune (Cannes), Prémio Fassbinder (Prémios do Cinema Europeu – Revelação do Ano), Festival de Cinema Raindance de Londres (Melhor Realizador), Festival Mar del Plata (Melhor Realizador, Melhor Fotografia), Mar del Plata (FIPRESCI – Melhor Filme), Berlim (Prémio Shooting Star), Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira (Melhor Filme, Melhor Actor) ou Festival de Cinema Mediterrâneo (FIPRESCI, Melhor Fotografia).
De entre as suas muitas colaborações, destacam-se a co-realização de Twenty-One-Twelve – The Day the World Didn’t End com o mestre italiano Michelangelo Pistoletto, uma instalação de vídeo multicanal exibida no Museu do Louvre e selecionada para o Festival de Cinema de Roma, no âmbito do qual foi exibida no MAXXI – Museu Nacional das Artes do Século XXI.
Em 2009, criou Insert, juntamente com Filipa César, que ganhou o prémio BESPHOTO em 2010. Ainda em 2009, viajou até ao Japão com o fotógrafo André Príncipe para filmar o seu primeiro documentário, Traces of a Diary, sobre os famosos fotógrafos japoneses Takuma Nakahira, Hiromix, Daido Moriyama, Kajii Syoin, Kohei Yoshiyuki e Nobuyoshi Araki. Este documentário consiste numa série de encontros com estes fotógrafos, durante os quais os realizadores refletem sobre a natureza e o acto de criar imagens ou contar histórias, refletindo também sobre o próprio processo de criar um diário. Este documentário estreou no Festival IndieLisboa 2010 e foi selecionado para vários festivais internacionais, tais como Festival de Cinema de Gotemburgo, Era New Horizons Film Festival, Festival Internacional do Rio de Janeiro e Traverse City Film Festival, tendo ganho o “Premio Honorífico del Jurado” na Documenta Madrid 2011.
A obra de Marco Martins continua a desenvolver-se em diversas áreas artísticas, como em 2021 com Natureza Fantasma, uma instalação feita em colaboração com Fernanda Fragateiro e o escritor Gonçalo M. Tavares, ou em Jorge Salavisa - Keep Going, um documentário que segue a carreira de uma das mais proeminentes figuras da Cultura e Dança Portuguesa, e que impulsionou o convite da Fundação Calouste Gulbenkian para a realização do filme Um Corpo que Dança, considerado pela crítica nacional como um dos melhores filmes de 2022.
Depois da estreia no Festival de Cinema de San Sebastian, a mais recente longa-metragem de Martins, Great Yarmouth, uma co-produção luso-franco-britânica radicada na peça de teatro Provisional Figures, continua a ser exibida nacional e internacionalmente no circuito de festivais e comercial.
O seu trabalho de Teatro com o Arena Ensemble tem-se progressivamente ancorado no cruzamento de diversas linguagens performativas e na colaboração com não-actores e comunidades específicas. Os longos processos criativos de cariz comunitário e forte componente coreográfica conferem à obra de Marco Martins uma voz inigualável no panorama artístico português.