Baralha
Marco Martins

Encenação

Marco Martins
Baralha

O projecto Baralha surgiu a partir de um convite que me foi feito por Renzo Barsotti no âmbito do projecto Desalojar a Exclusão, numa co-produção entre a Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, o Centro de Criação de Teatro e Artes de Rua e a Castiis. Baralha pretende constituir-se como uma reflexão sobre as problemáticas da integração e, mais concretamente, sobre o modo de vida do acampamento cigano de Sanguedo cujo nome dá o título ao projecto.

Este trabalho pretende reflectir sobre a etnia cigana, a sua história, a sua organização social e os desafios desta cultura nos seus processos de interlocução com a sociedade envolvente, apresentando algumas definições e conceitos sobre o movimento social, na perspectiva de identificar as diferentes observações dos autores (que colaboraram no projecto), alguns elementos que possam indicar, a partir da inserção dos ciganos, a formulação de políticas para as minorias étnicas relatando um pouco da história do povo cigano, que é praticamente desconhecida ou muitas vezes contada de forma folclorizada ou demasiado romântica. O projecto foi desenvolvido em três fases distintas, durante um período total de aproximadamente um ano, procurando a colaboração e o envolvimento de toda a comunidade com o intuito de promover um encontro de culturas e a aproximação de duas sociedades distintas.

Inicialmente, o projecto visava a criação de um espectáculo de rua, tendo Romeu e Julieta de William Shakespeare como tema mas, com o desenvolvimento dos trabalhos, pareceu-me importante dar a conhecer a forma de vida em mutação desta população e a maneira como ela se está a adaptar a esta nova etapa. Presentes em Portugal desde o séc. XV, existiam na altura em Portugal cerca de 30 a 50 mil ciganos (segundo fontes diversas) sobre cuja cultura pouco ou nada sabemos. A comunidade cigana da Baralha resistiu a tudo e permaneceu bastante fechada ao exterior, e naquele momento enfrentou um novo e decisivo desafio — a integração imposta em nome do progresso e da vontade política.

Concebi este projecto pioneiro no interior da comunidade da rua da Baralha como uma forma de aproximar estes dois universos tão distantes. Aqui, vários criadores trabalharam junto da população (dentro do próprio acampamento) na criação de pequenas obras que funcionam como uma reflexão sobre diversas problemáticas artísticas e sociais que derivam do contacto entre os criadores e esta população. Estes constituem o itinerário do espectáculo multidisciplinar onde se cruzam vários olhares sobre a realidade tão difícil em que vive esta população em processo de adaptação.

Queria, pois, fazer um agradecimento muito especial aos criadores convidados para este projecto pelo empenho e dedicação que demonstraram em todos os momentos deste processo tão exigente e que produziram resultados difíceis de imaginar possíveis no início. Foram eles: Clara Andermatt, Beatriz Batarda, Dinarte Branco, Filipa César, Nuno Pino Custódio, Fernando Mota, André Príncipe, bem como o atelier de design Barbara Says. Queria também agradecer à Susana Lamarão, Vanessa Patrício e ao Nuno Oliveira que acompanharam desde sempre com interesse este projecto. Mas sobretudo queria agradecer à família Monteiro que nos acolheu com enorme vontade de participar e dar a conhecer a sua cultura.

Marco Martins

de Marco Martins

coordenação artística Marco Martins

curadoria Renzo Barsotti

criadores convidados André Príncipe, Beatriz Batarda, Clara Andermatt (assistida por Avelino Chantre), Dinarte Branco, Fernando Mota, Filipa César, Nuno Pino Custódio


concepção cénica Artur Pinheiro

desenho de luz Nuno Meira

imagem Miguel Manso, Miguel Carvalho

som Miguel Manso, Vanessa Patrício, Miguel Carvalho

edição João Pedro Moreira

assistência à coordenação artística Vanessa Patrício

fotografia Marco Martins

assistência à cenografia David Paredes

digitalização de imagens Taila Wong

design gráfico Barbara Says


coordenação de produção Susana Lamarão

co-produção CCTAR - Centro de Criação de Teatro e Artes de Rua

produção executiva CCTAR - Centro de Criação de Teatro e Artes de Rua


classificação etária M/6

duração 180 m.

estreia 27 de maio de 2010, Baralha – Sanguedo


apoios Câmara Municipal de Santa Maria da Feira e Castiis

agradecimentos Família Monteiro, Nuno Oliveira, Luís Calisto Graciano, Mariana Gaivão, Elísio Dias, Quintino Prata, Junta de Freguesia de Sanguedo, Sr. Fernando, Manuel Carvalho, Lipor, SubFilmes, Wimpy Bar

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